terça-feira, 2 de novembro de 2010

Limpando o salão

Vamos aprender com o mestre

Acabou eleição, acabou haloween, acabou a festa, acabou feriado e acabou minha paciência com isso tudo. Como não se fala em outra coisa, pretendo eu voltar à rebeldia dos anos rebeldes, quando havia rebeldes, e discorrerei sobre outra coisa.

Há pouco, falei sobre a catotofilia em um post nada corriqueira deste blog. Trata-se do hábito considerado excêntrico de degustar dessa relíquia narina que é a catota. Uma amiga e leitora lembrou-me bem daquela frase que mamãe sempre fala pra gente quando nos pega com o indicador no nariz: “Vai ter festa hoje?”. Nunca entendi a pergunta. Ao ver minha cara de ponto de interrogação, emplacava: “Você está limpando o salão” e ria gostosamente como se aquilo fizesse sentido.

O interessante é que isso me causava o efeito contrário do que mamãe queria. Em uma troca de causa e consequência, imaginava sempre que mamãe me pegar com o dedão no nariz era motivo de festa, aliás, não se limpa o salão sem necessidade, só quando há festa. O que me frustrava de quando em vez.

No contrário, sempre que sabia que teria festa, limpava o nariz incessantemente, o que me rendeu um septo frágil que sangra sempre. O pensamento era assim: já que há festa, há de se limpar o salão e cada qual que limpe o seu que eu lá limpo o meu sozinho. Assim, dispensava bons momentos do meu dia nesse serviço. A falta do que fazer realmente nos obriga à imaginação.

Por isso, caso tenha eu filhos, direi que é uma obrigação de toda criança colocar o dedo no nariz, assim como é de fazer o dever de casa. Garanto que não os verei fazendo isso uma vez sequer.

=/

Nenhum comentário:

Postar um comentário