Não era bem desse tatu que estava falando
Eu confesso, já fui comedor de tatu um dia. Mas muita hora nessa calma, não ligue ainda para a Segurança Ambiental, posso explicar. Quem sabe depois o leitor queira ligar por outro motivo.
Ao contrário do que essa frase permite inferir, nunca mantive relações sexuais com esses animaizinhos exóticos, muito menos degustei das carnes (se é que eles as têm o suficiente para alimentar um homem) deles.
Na verdade se trata de outra coisa. Mas antes careço de explicar que, aqui em Minas, tatu é sinônimo para “catota” que, aqui, recebe também o nome de “trem nojento que a gente tem dentro do nariz”. Sim, já fui colega do técnico da Alemanha na Copa desse ano, aquele que não ganhou nada, a não ser o apelido de mr. Nojinho. Já ta melhor que o Felipe Melo.
Em minha defesa, porém, digo que, só fui catotáfilo[i] quando criança e bem criança e é bem verdade também, que nessa época colocava na boca tudo que me dessem na mão, sabonete, areia, brinquedo (num me pensa besteira), meu primo menor, enfim, com a catota não seria diferente.
Agora, imaginem o quanto não fiquei confuso quando ouvi pela primeira vez aquela música dos Mamonas Assassinas que dizia essas palavras quase proféticas para mim: “Comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas”. Era confuso. Realmente comer tatu era bom e ficava feliz de saber que algo dividia comigo meu gosto estranho. Mas nunca tive dor nas costas por causa disso.
Aliás, muito pelo contrário, esse é um hábito, embora nojento, até saudável. De acordo com estudos de um médico austríaco chamado Friederich Bischinger, pneumologista, (ou seja o cara manja do aparelho respiratório, o que inclui nariz com toda sua catota) essa é uma forma saudável ( e divertida) de limpar o nariz onde o lenço não alcança e ainda é um jeito natural de reforçar o sistema imunológico. Portanto, chupa galera. Deve ser por isso e alguns x-misérias[ii] que eu tenho esses linfócitos de ferro.
Voltando à música dos Mamonas, mesmo que os cantores expliquem o motivo da dor nas costas no verso seguinte, só fui entender a piada bem mais velho. Santa ingenuidade!
=/
[i] Neologismo para aquele que come catota
[ii] Lanche vendido ao custo de R$ 1,00, cuja procedência é duvidosa, mas vinha com um hambúrguer, queijo, pão, suco e, com sorte, isento de bactérias, mas muito gostoso. Nunca me fez mal.